Amor e uma cabana!

5 de setembro de 2018

Foi em meados de Agosto que eu e o Rui partimos à aventura para uma cabana rodeada de natureza no Cercal do Alentejo. Ambos adoramos este contacto directo com a calma e o silêncio que o campo traz e isso, aliado a uma cabana bonita como nos filmes, fez-nos decidir o local perfeito para passar umas mini férias. Foram quatro dias super diferentes da nossa rotina habitual. Para além dos dias passados a percorrer as praia lindas da Costa Vicentina, as manhãs e as noites eram passadas aqui sem os 'luxos' da cidade.

Quando falo em luxos refiro-me a autoclismo, wc no quarto, ruas iluminadas, porque o interior da cabana - construída pelos donos deste projecto - é igualmente linda. Com as paredes, chão, cama e todos os móveis em madeira e duas janelas e uma porta como na casa da branca de neve. Os tons são suaves e pastel e não me podia ter sentido mais confortável nesta estadia (até aprendi a conviver melhor com os bichinhos que às vezes por lá apareciam).

A parte mais divertida e surpreendente foram os banhos ao ar livre. No exterior, a uns metros da cabana passando por uma ponte, existe um chuveiro com o chão de pedra e vários detalhes que fazem a ligação perfeita entre o campo e uma decoração super cuidada. Como as temperaturas ainda não estavam super altas achámos que íamos passar frio ao tomar banho às 20h da noite. Surpreendentemente não, até pelo contrário, os banhos tornaram-se bem mais refrescantes (sem aquela sensação húmida de não nos conseguirmos secar que acontece nas casas de banho de casa). Aplicar creme e arranjar-me posteriormente com aquele contacto com o exterior foi algo que não me vou esquecer. 



Descobrimos e usámos pela primeira vez uma casa de banho seca, algo que não foi tão difícil como eu pensava. Já devem ter calculado o que isso significa. Em vez de descarregarem um autoclismo, depois de fazerem o que têm a fazer, colocam palha para tapar (existe uma caixa cheia ao lado da sanita com uma pá para facilitar o processo). Ah, e podem usar papel higiénico e colocar na sanita. Segundo a Florence é excelente para uso na quinta e passado dois anos está completamente pronto para ser usado. Isto sim é amar o meio-ambiente.

Confesso que durante os 4 dias que lá estivemos não me custou nada fazê-lo mas não sei se conseguiria viver numa casa com um wc seco como a dos donos. É de admirar! Em relação ao cheiro não se preocupem porque não se sente, qualquer coisa no equilíbrio dos ácidos que ela me explicou mas que não sei reproduzir.


Em breve vai ser possível utilizar a cozinha para fazer refeições. Na altura da nossa estadia ainda estava em construção e apesar de ficar super gira assim meio aberta, vão fechá-la totalmente e será uma cabana maior para acomodar mais eficazmente o que for necessário. 

Todas as manhãs tínhamos direito a um pequeno almoço simples e delicioso preparado à nossa frente ora pelo dono ou pela dona (um casal com dois filhos, um deles de 1 ano que nos derreteu o coração). Perguntavam-nos aquilo que gostávamos de comer e no último dia já sabiam de cor. Sumo de laranja, o bom pão alentejano, tomate, queijo, ovos mexidos, tudo de produção própria ou de vizinhos. O verdadeiro bio com um sabor bem mais intenso do que aquilo a que estamos habituados no super-mercado.


Posso dizer que foi uma experiência única que aconselho a toda a gente! Pela beleza do local, pela cabana como nos contos de fada, pelo contacto direto com a natureza, por uma vida menos citadina, por um redescobrir da verdadeira paz e sossego. 

Íamos sempre jantar fora (também há que aproveitar os bons restaurantes da costa vicentina) e quando voltávamos não havia uma única luz - apenas uma lanterna que nos emprestaram durante a estadia - nunca na nossa vida vimos um céu como naquelas noites. As estrelas, omd, as estrelas eram tantas tantas tantas, ficávamos minutos inteiros no meio da escuridão a olhar para o céu e a sensação não era de medo ou desconforto mas de deslumbramento por aquilo que é o nosso planeta. 

Apesar de sermos ambos pessoas bem citadinas quando voltámos sentimos uma grande diferença, já não haviam pequenos almoços ao ar livre, com o barulho dos grilinhos e os aromas da comida verdadeira, já não tínhamos banhos ao ar livre, já era mais difícil poupar água. Até os passeios ao wc a meio da noite se tornaram motivo de saudade.

Para os amantes destes locais vai ser uma experiência única e para os menos adeptos uma verdadeira surpresa. Nós queremos voltar para o ano!

Vejam aqui como reservar.



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